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domingo, 12 de abril de 2015

Reflexão



Atualmente o ser humano está tão acostumado com a correria do dia a dia que se esquece de prestar atenção nos detalhes que os circundam. Geralmente está condicionado a fazer o mesmo caminho, a ler o mesmo jornal e se estressar com o trânsito ou com o trabalho. Mas não podemos esquecer que a vida passa muito rápida e que a beleza também está nos mínimos detalhes.
Esquecendo do relógio que bate como um martelo de um juiz obrigando a cumprir tarefas diárias, podemos refletir qual é o verdadeiro motivo de estar vivo. Mas, será que viver é somente nascer, crescer se reproduzir e morrer? Acredito que a vida seja muito mais do que a ciência explica, mesmo porque nem tudo o homem consegue uma explicação.
A relação entre o homem e os animais deve ser amplamente discutida, pois infelizmente a maioria das pessoas não se sensibiliza pela causa animal. Os animais, assim como todos os seres humanos têm a percepção do que acontece ao seu redor, sentem dor, sentem saudade e pensam. São seres sencientes. E mesmo já tendo comprovação de todos esses valores, por que ainda existe tanta crueldade com os animais? Será que realmente é necessário expor um animal a dor, ao sofrimento, a fome, privando ele da sua liberdade e de expressar seu comportamento natural, em busca de outra causa que beneficie somente os homens?
Enquanto o ‘ser humano’ achar que é a espécie superior, e que tem o direito sobre todas as outras coisas, não haverá progressão. E progredir não diz respeito somente a dinheiro, sucesso e bens materiais, mas sim a evolução com um ser vivo que tem amor ao próximo, que quer espalhar o bem e espantar os maus sentimentos, nunca perdendo a fé e a esperança.
No meio de tantas pessoas é comum opiniões divergirem, existem aqueles que são a favor dos testes em animais, aqueles que são contra ao veganismo, aqueles que acham ignorância fazer touradas e rodeios, e aqueles que simplesmente não tem opinião formada com as causas animais.
Em relação aos testes em animais, hoje em dia com toda tecnologia de ponta, e grandes feiras de inovação é primitivo que ainda se use animais vivos como cobaias em vacinas, medicamentos e principalmente em cosméticos. Por um lado, todo esse discurso já gerou uma demanda em busca de produtos que não são testados em animais, fazendo as industrias repensarem nos seus métodos e atenderem ao novo mercado que vem surgindo. Nos países mais desenvolvidos, como os Europeus, esta prática já vem sendo aplicada por mais tempo.
É uma grande conquista para os ativistas colocar no mercado produtos livres de dor e sofrimento. Um batom onde não gerou cegueira para um coelho ou um xampu que não deteriorou a pele de um cachorro, ou um produto que não matou e muito menos fez um macaco convulsionar por horas, faz a consciência de qualquer consumidor que se preocupa com a causa animal ficar tranqüila.
O bem estar nos animais de produção é outra preocupação daqueles que se comovem com os mesmos, em sua maioria aqueles que não comem a carne são os que batem em cima de um abate livre de dor e sofrimento. O próprio consumidor muitas vezes não está preocupado em saber se o produto consumido foi feito de forma humanitária.
O mesmo acontece com os animais ditos de “lazer”, será que o peixe gosta de ser fisgado e ser furado na pesca esportiva? Ou que o boi se sente bem em ser apertado e pular numa arena? Ou será que cervos gostam de levar tiros na caça? Não é necessário ser bom entendedor para responder essas perguntas. O ser humano precisa entender, que não precisa do desconforto e morte do outro para se divertir, existem outras formas de sorrir, festejar sem que a vida de um animal seja acometida.
O respeito com os animais é mais que cultural e religioso. As pessoas precisam entender e sentir a dor do outro, incorporar o sentimento de paz e ter amor para compreender que uma vida não vele mais que a outra. Tudo é criação de Deus, e tudo tem valor. Todos estamos de passagem por essa vida, e só nos resta escolher os caminhos que seguiremos, e se estamos fazendo alguma diferença na vida de outros. Não podemos salvar o mundo inteiro, mas o mundo daqueles que você ajuda pode ser salvo com simples gestos.

Foto: Arquivo Pessoal

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Doença do Carrapato



 BABESIOSE CANINA

Resumo

Foi diagnosticado com Babesiose um cão, fêmea, 12 anos, SRD, em CC no interior do estado de São Paulo. O tratamento foi baseado nos sinais clínicos e no resultado positivo para o teste de hematozoários. O animal foi tratado com Doxiciclina num período de 28 dias e suplementado devido a anemia apontada pelo hemograma. Após o tratamento o proprietário relatou que a animal apresentava-se saudável podendo concluir que a terapêutica foi efetiva.

Palavras-Chaves: Bebesia sp. Canino. Babesiose. Trombocitopenia. Relato de caso.

BABESIOSIS CANINE

Abstract

Babesiosis was diagnosed with a dog, female, 12 years, SRD in CC, in the state of São Paulo. The treatment was based on clinical signs and positive result for the test hematozoa. The animal was treated with doxycycline within 28 days and supplemented due to anemia indicated by the blood test. After treatment the owner reported that the animal had themselves healthy can conclude that the treatment was effective.

Key words: Babesia sp. Canine. Babesiosis. Thrombocytopenia. Case Reports.


INTRODUÇÃO

            As espécies de Babesia são protozoários do filo Apicomplexa que parasitam os eritrócitos de seus hospedeiros vertebrados, sendo o eritrócito a única célula do vertebrado parasitada. Para os membros do gênero Babesia, a reprodução sexuada ocorre no lúmen intestinal do carrapato e a esporogonia no epitélio da parede intestinal do carrapato. A esporogonia ocorre na hemocele do carrapato, os esporozoitas, por sua vez, multiplicam-se no ovário da fêmea infectando as larvas que iram eclodir de seus ovos. Esporozoítas são também observados em grande quantidade nas glândulas salivares penetrando no próximo hospedeiro quando este for picado pelo carrapato (BOWMAN, 2009)
            São conhecidas duas espécies do gênero Babesia capazes de provocar infecção natural em cães, a B. gibsoni e a B. canis. Esta última é classificada em três subespécies: B. canis rossi, B. canis canis e B. canis vogeli (Kuttler, 1988, Uilenberg et al., 1989).
            Os vetores da babesiose canina são os carrapatos pertencentes à família Ixodidae. Os principais responsáveis pela transmissão da doença são os carrapatos da espécie Rhipicephalus sanguineus, o carrapato vermelho do cão. Outras espécies, como Dermacentor spp., Haemaphysalis leachi e Hyalomma plumbeum, também podem trasmitir o agente (BRANDÃO; HAGIWARA, 2002).
            A forma aguda da doença é a mais comum, enquanto a forma hiperaguda ocorre apenas com as linhagens mais virulentas. A moléstia hiperaguda caracteriza se por choque hipotensivo, hipóxia, lesão tecidual intensa e estase vascular. Ocorre ocasionalmente em filhotes de cães infectados, não tendo sido relatada em animais adultos. Geralmente, observa-se choque, coma ou morte em seguida a menos de um dia de anorexia e letargia, podendo, ainda, ser observada hematúria. A moléstia aguda é caracterizada por anemia hemolítica, trombocitopenia e esplenomegalia. Especialmente em cães jovens ou em adultos infectados por B. gibsoni, podem ocorrer óbitos, mas a maioria dos animais irá recuperar-se. Também são comumente observados anorexia, letargia e vômitos. Podem ser notadas ainda hematúria e icterícia, principalmente em cães infectados por B. canis, podendo ocorrer também linfadenopatia generalizada e edema periorbitário. A anemia hemolítica imunomediada é a principal moléstia a ser diferenciada da Babesiose (TABOADA; MERCHANT, 1997).
As infecções crônicas caracterizam-se por febre intermitente, diminuição do apetite e considerável depleção do estado físico Terminalmente, tornam-se evidentes insuficiências hepática e renal. A B. gibsoni causa, caracteristicamente, doença crônica, apresentando como principal sinal uma anemia progressiva. A diversidade de sinais clínicos observados nas diversas manifestações da babesiose canina provavelmente é devido a infecções mistas, por Babesia spp. e Ehrlichia canis (TABOADA; MERCHANT, 1997).
Em cães com babesiose, é comuns a detecção de anemia regenerativa, hiperbilirrubinemia, bilirrubinúria, hemoglobinúria, trombocitopenia, acidose metabólica, azotemia e cilindros renais. As principais anormalidades hematológicas observadas em animais são a anemia e a trombocitopenia
            A anemia observada geralmente é normocítica normocrômica de baixa intensidade nos primeiros dias após a infecção, tornando-se macrocítica,hipocrômica e regenerativa à medida que a moléstia progride. A reticulocitose é proporcional à gravidade da anemia. Anormalidades leucocitárias são observadas inconsistentemente, podendo ser: leucocitose, neutrofilia, neutropenia, linfocitose e eosinifilia (TABOADA;MERCHANT, 1997).
Por meio da análise citológica do esfregaço sangüíneo ou do aumento do volume plaquetário médio, é possível a identificação da presença de macroplaquetas, a qual, por sua vez, é indicativa de uma intensa trombopoiese, que resulta na liberação acelerada de plaquetas jovens na circulação. Isto exclui a possibilidade de erliquiose canina crônica, onde há diminuição do número de plaquetas circulantes como conseqüência de uma hipoplasia megacariocítica (BRANDÃO; HAGIWARA, 2002).
 Nas infecções de longa duração, as hemácias nucleadas são freqüentemente numerosas, podendo o hematócrito estar abaixo de 10% e a concentração de hemoglobina, abaixo de 3,9 g/dL nos estágios terminais da doença.
O diagnóstico de babesiose é firmado pela demonstração da presença dos protozoários no interior de eritrócitos infectados (TABOADA; MERCHANT, 1997). Os esfregaços sangüíneos são confeccionados com sangue periférico e corados por colorações do tipo Romanowsky, como Giemsa, Wright, Rosenfeld ou Diff-Quick.
Os eritrócitos infectados são grandes e tendem a concentrar-se nas bordas da cauda do esfregaço sangüíneo, enquanto eritrócitos infectados in vivo acumulam-se nos capilares. Desse modo, esfregaços sangüíneos confeccionados a partir dos leitos capilares periféricos na ponta da orelha podem demonstrar maior número dos parasitas (TABOADA; MERCHANT, 1997).
O emprego de técnicas de biologia molecular como a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) tem sido de grande auxílio na identificação de animais portadores crônicos da doença, bem como na avaliação da efetividade da terapia enquanto ainda não houve redução dos títulos de anticorpos específicos. Embora ainda seja restrita a centros de pesquisa, esta técnica permite a detecção de material genético do parasita em praticamente qualquer material biológico (BRANDÃO; HAGIWARA, 2002).

RELATO DE CASO

Cão, fêmea, 12 anos, SRD, 7kg, com queixa principal de apatia, anorexia, dispnéia freqüente e um quadro de convulsão.  A vacinação e vermifugação estavam em dia, e não apresentava a presença de ectoparasitas.
Ao exame clínico foi relatado palidez de mucosa oral (FIGURA 1), freqüência cardíaca com 72 bpm, freqüência respiratória com 44 mpm, temperatura retal de 38,6°C, condição corporal magra, hepatomegalia a palpação e linfonodos mandibular, pré escapular e poplíteo normais. O TPC foi de 3 segundos aproximadamente apresentando uma leve desidratação.

 
PAREJA,A



Aos exames complementares observou-se baixo número de hemácias e hemoglobina, hematócrito abaixo dos valores referenciais. Também observou-se na série branca eosinopenia, trombocitopenia e monocitopenia, e aumento no número de bastonetes. Os leucócitos, neutrófilos e linfócitos apresentou-se dentro dos valores referenciais. O Hemograma revelou evidente anemia.
No teste de função hepática avaliou-se ALT/TGP e FA, onde os valores se encontraram normais. O teste de glicemia também apresentou-se normal.
A Pesquisa de Hematozoários foi feito com a coloração de May Grunwald ( Giensa) sendo positivo para Babesia sp.
O Tratamento foi feito com dose única, IM de Diaceturato de diminazeno, e Doxiciclina 10mg/kg/IM, BID. Após esses medicamentos recomendou-se por 28 dias o uso oral de Doxiciclina e Cimetidina, BID. Também foi recomendado o uso oral de ácido fólico, ferro quelatado e suplementação com Vit B6 e B12, bem como Silimarina uma vez ao dia.
Com o término do tratamento o paciente já se encontrava bem e os parâmetros dentro das normalidades, se alimentando e bebendo água normalmente. 

PAREJA, A


RESULTADOS E DISCUSSÃO

Toda a patogenia da babesiose está relacionada à hemólise intra e extravascular, ocasionada por esta multiplicação do parasita no interior dos eritrócitos. Com o rompimento das células parasitadas, além de causar anemia, ocorre liberação de hemoglobina, o que gera hemoglobinúria e bilirrubinemia. (NELSON; COUTO, 2001; SÁ, 2007).
O hematócrito (VG) baixo indica anemia, e hemólise. E o aumento de bastonetes sugere um desvio a esquerda.
A trombocitopenia ainda não tem uma causa completamente esclarecida, mas acredita-se que a destruição mediada por anticorpos e o consumo acelerado em decorrência de uma reticulite endotelial ou do sequestro esplênico sejam os mecanismos mais prováveis (BRANDÃO; HAGIWARA, 2002).
A fase hiperaguda e aguda da infecção também resultam em febre, evoluindo para o aparecimento de mucosas pálidas, perda de apetite, depressão, petéquias e hepatoesplenomegalia, dependendo do estágio de infecção (ALMOSNY; MASSARD, 2002;CORREA et al., 2005).

Tabela 1 – Hemograma Canino
Série Vermelha
28/09/2013
26/10/2013
Valores Referenciais
Hemácias
2,26 milh/mm³
6,20 milh/mm³
5,5 a 8,5
Hemoglobina
5,40 g/dl
13 g/dl
12,0 a 18,0
Hematócrito
16,6%
37%
37 a 55
V.G.M
73,5 u³
74,5 u³
60 a 77
H.G.M
23,9 pg
23 pg
19 a 23
C.H.G.M
32,5%
32,5%
32 a 36

Série Branca
28/09/2013
26/10/2013
Valores Referenciais
Leucócitos
9.000 mm³
9.050 mm³
6.000 a 18.000
Bastonetes
450 mm³
250 mm³
0 a 300
Segmentados
6.840 mm³
6.800 mm³
3.000 a 11.500
Eosinófilos
90 mm³
120 mm³
100 a 1.200
Linfócitos
1.530 mm³
1.600 mm³
1.000 a 4.800
Monócitos
90 mm³
150 mm³
150 a 1.350

Plaquetas
28/09/2013
26/10/2013
Valores Referenciais

67.000 mm³
230.000 mm³
160.000 a 430.000


Tabela 2 – Exame Bioquímico


28/09/2013
26/10/2013
Valores Referenciais
FA
71,0 U/l
-
20 a 156 U/l
ALT / TGP
29,0 U/l
-
20 a 86 U/l
GLICOSE
79,00 mg/dl
-
70 a 110 mg/dl


Tabela 3 – Pesquisa de Hematozoários

Pesquisa de Hematozoários
28/09/2013
26/10/2013
Valores Referenciais
Babesia sp
Positivo
Negativo
Negativo

A doxiciclina pertence ao grupo das tetraciclinas e, apesar de ser um antibiótico bacteriostárico, por inibir a síntese protéica dos microorganismos sensíveis, também possui ação antimicrobiana sobre alguns protozoários. Uma recomendação é que a doxiciclina não seja administrada conjuntamente a uma suplementação de minerais, especialmente o ferro, devendo se respeitado um intervalo de duas horas entre a administração de um e de outro. Isso porque interação deste fármaco com minerais como cálcio, ferro, magnésio, zinco e alumínio pode prejudicar sua absorção, pelas tetraciclinas formarem quelatos insolúveis com estes minerais (OUROFINO, 2009).
 A Cimetidina é um antagonista de receptores H2, usado no tratamento e profilaxia de úlcera duodenal, estados gástricos hipersecretórios, profilaxia do sangramento digestivo em pacientes graves, refluxo gastro-esofágico e inibe a secreção basal de ácido gástrico, reduzindo tanto o volume quanto o conteúdo de ácido e de pepsina da secreção. Com isso evita vômitos causados pelo antibiótico, aumentando a eficiência do tratamento.
A suplementação foi importante devido a anemia que o paciente apresentava, e serviu como reposição de nutrientes já que ela estava debilitada e com deficiências destes. A Silimarina  é um composto extraído do fruto da Silybum marianum, e foi utilizado como hepatoprotetor.
O sucesso para a recuperação do paciente em questão deveu-se à observação do proprietário em perceber que o seu animal de estimação não estava normal e a disposição para cura-lo. O tratamento com Doxiciclina demonstrou boa eficácia no tratamento do animal com diagnóstico de Babesiose. A terapia de apoio também foi fundamental para amenizar os efeitos colaterais da droga utilizada.
CONCLUSÃO

Portanto, a babesiose canina é uma doença grave, e tem evolução rápida, geralmente de caráter agudo, e que exige diagnóstico precoce e a terapêutica adequada. Para o tratamento é necessário empenho e dedicação, pois o animal se apresenta frágil.
É uma doença cosmopolita e todo o médico veterinário atuante na área clínica, deve se manter atualizado sobre as áreas de risco, novos métodos de diagnóstico e técnicas terapêuticas, para assim amenizar o impacto desta doença nos caninos.

REFERÊNCIA

BOWMAN, D.D.; Lynn, R.C.; Eberhard, M.L. & Alcaraz, A. (2010) Parasitologia Veterinária de Georgis. Tradução de 9a edição (2008). Elsevier.

BRANDÃO, L. P.; HAGIWARA, M. K. Revisão: Babesiose canina. Revista Clínica
Veterinária. São Paulo: Editora Guará, 2002. ano VII, novembro/dezembro, n. 41, p. 50-59.

BRANDÃO, L. Hemoparasitoses em cães e gatos: aspectos clínicos e laboratoriais. MERIAL Saúde Animal, 2010. Disponível em:
<http://www.tecsa.com.br/media/file/pdfs/palestras%20Jornada%20PET/Diag_%2e%20tratamento%20das%20Hemoparasitoses%20Dr%20Leonardo%20Brandao%202010.pdf>. Acesso em: 29 set 2013.

COUTO, C.G. Doença riquetsiais. In: BIRCHARD, S.J.; SHERDING, R.G. Manual Saunders clínica de pequenos animais. 2.ed. São Paulo: Roca, 2003. p.138-143.

KUTTLER KL. World-wide impact of babesiosis. In: Ristic M. Babesiosis of domestic animals and man. CRC Press, Boca Raton, 1988. 22p.

MADEIRA, A.P.; SIMÕES, D.M.N.; MONTEIRO,S.B.;MAGALHÃES,A.I.;GIMENES, T.B.; CORRÊA, T.P.; JORGE, R.C.; PONCE, F.G. Trombocitopenia imuno-mediada em cão. Disponível em:
 <http://www.hospitalveterinariopompeia.com.br/download/trombocitopenia.pdf>.
Acesso em: 29 set 2013.

NELSON, R.W.; COUTO, C.G. Fundamentos de medicina interna de pequenos animais. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

OUROFINO. Tratamentos com doxiciclina associada a suplementos vitamínicos minerais em cães e gatos. Boletim Técnico Doxifin / Metacell, 2009. Disponível em:
<http://www.ourofino.com/portal/files/espaco_veterinario/Boletim_Tecnico_Doxifin_Metacell.pdf>.
Acesso em: 29 set 2013.

PINTO, R.L. Babesiose canina – relato de caso. Monografia de Especialização em Clínica Médica de Pequenos Animais, Universidade Federal Rural do Semi Árido – UFERSA, Departamento de Ciências Animais, Porto alegre, 2009. 26p.

TABOADA, J; MERCHANT, S. R. Infecções por protozoários e por outras causas. In: ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C. Tratado de medicina interna veterinária. 4.ed. São Paulo: Editora Manole, 1997. v.1, cap. 68, p. 563-565.

UILENBERG G, Franssen FFJ, Perié NM. Three groups of Babesia canis distinguished and a proposal for nomenclature. Vet Quart 1: 33-40, 1989.

 

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Doenças Sexualmente Transmissíveis nos Animais.



 INTRODUÇÃO



Doenças sexualmente transmissíveis ou infecção sexualmente transmissível, é conhecida popularmente por DST, e são patologias antigamente conhecidas como doenças venéreas. Os principais agentes patogênicos são os vírus, as bactérias e os fungos.

São doenças infecciosas que se transmitem essencialmente (porém não de forma exclusiva) pelo contato sexual. Geralmente pelo contato direto, mantido através de cópula onde os animais necessariamente portam a doença, e indireto por meio de compartilhamento de utensílios pessoais mal higienizados ou manipulação indevida de objetos contaminados (lâminas e seringas).

Suspeita-se de DST nos animais quando apresentarem feridas (úlceras) que aparecem nos órgão genitais ou em qualquer parte do corpo. Podem doer ou não. Corrimentos no canal da uretra, vagina ou ânus. Podem ser esbranquiçados, esverdeados ou amarelados como pus. Alguns têm cheiro forte e ruim. O corrimento quando é pouco pode passar nas fêmeas. Verrugas são como caroços e pode parecer uma couve-flor quando a doença está em estágio avançado. Em geral não dói, mas pode ocorrer irritação ou coceiras. Ardência ou coceira é mais sentida ao urinar. 

 TRICOMONIASE GENITAL BOVINA (TGB) É uma doença causada por um protozoário chamado Tritrichomonas foetus, a transmissão é mecânica, se dá através do coito, por isso esse protozoário não apresenta forma cística, já que não necessita de forma resistente no meio ambiente. O macho uma vez infectado passa a ser o agente transmissor e reservatório. Pode ocorrer contaminação por fômites e inseminação artificial. As vacas por sua vez adquirem resistência com o tempo, podendo dar origem a terneiros sãos por inseminação artificial (para não contaminar os touros). Os principais sinais clínicos são: repetição de cios com intervalos irregulares e o aborto, com maior frequência até os cinco meses de gestação, com ou sem o aparecimento de piometra. O diagnóstico é o primeiro passo para a implantação de medidas de controle eficazes. Alguns sinais clínicos podem indicar a presença de Tricomoníase como o corrimento vaginal purulento ao retornarem ao cio, em função de piometra causada pelo T. foetus, pode haver a presença de maceração fetal. As lesões mais frequentes encontradas no feto abortado é o encontro de pneumonia piogranulomatosa com presença de células gigantes multinucleadas. O diagnóstico laboratorial é fundamental, pois só ele pode confirmar qual o agente causador do problema observado no rebanho, as técnicas laboratoriais rotineiramente utilizadas para o diagnóstico da TGB são os métodos diretos de diagnóstico, sendo o principal o isolamento e identificação dos microrganismos. No laboratório os meios de transporte e enriquecimento são incubados a 37ºC por 7 a 10 dias, com observação diária do crescimento em microscopia de contraste de fase. Apesar da morfologia característica deve-se realizar o PCR para a diferenciação de T. foetus de outros protozoários que podem ocasionalmente estar presentes em material de prepúcio.O controle e profilaxia devem ser feito da seguinte maneira: Descarte periódico de touros velhos e introdução de touros jovens testados ou virgens, evitar touros “arrendados” ou utilizados em parcerias, testar touros antes da estação de monta, em rebanhos positivos submeter a repouso sexual fêmeas positivas, não adquirir touros de fazendas com problema de tricomoníase, ainda que touros virgens. Mais recentemente têm sido desenvolvidas vacinas de eficiência comprovada em estudos isolados, não tendo ainda sido largamente aplicadas com sucesso no país, para que possam ser recomendadas em detrimento dos métodos tradicionais de controle.


 CAMPILOBACTERIOSE GENITAL BOVINA (CGB) 

A campilobacteriose genital bovina é uma doença infecto-contagiosa de transmissão sexual, que acometem bovinos em idade reprodutiva e causam grandes perdas econômicas. É causada por uma bactéria chamada de Campylobacter fetus que possui duas subespécies, C. fetus subsp. Fetus e C. fetus subsp. Venerealis. Nas fêmeas, a doença caracteriza-se por infertilidade temporária, como resultado de cervicite, endometrite e salpingite. Nos machos, a infecção limita-se à cavidade prepucial e não se observam anormalidades clínicas nos animais infectados. A campilobacteriose possui distribuição mundial. No Brasil em 2000, foi realizado um estudo sobre a prevalência da doença nos principais estados produtores de bovinos de corte e foi constatado que existia 19,7% de animais infectados em 50,8% de propriedades contaminadas. A principal forma de introdução da CGB em um rebanho é pela aquisição de touros ou vacas infectados. Pode ocorrer transmissão por fômites e materiais utilizados para a coleta de sêmen e inseminação artificial. O diagnóstico da Campilobacteriose Genital Bovina é difícil devido o C. fetus subsp. venerealis ser uma bactéria microaerofílica, de difícil isolamento e que não resiste bem fora do hospedeiro. Além disto, a detecção de anticorpos no soro dos animais não apresenta boa sensibilidade e especificidade, devido à infecção pelo C. fetus subsp. venerealis restringir-se ao trato genital dos animais. As técnicas laboratoriais rotineiramente utilizadas para diagnóstico da infecção pelo C. fetus subsp. venerealis são, além do isolamento e identificação, a imunofluorescência direta e a aglutinação com muco cérvico-vaginal.
O controle o profilaxia deve ser feito com a implantação na propriedade de um programa de inseminação artificial com sêmen de qualidade, visto que bloqueará a mais importante forma de transmissão das doenças, o contato sexual. O controle da Campilobacteriose Genital Bovina em um rebanho pode ser realizado empregando-se algumas medidas básicas: a utilização da inseminação artificial e vacinação dos animais expostos. O emprego da inseminação artificial com sêmen proveniente de animais negativos ou sêmen tratado com antibióticos é uma medida muito eficaz para o controle da Campilobacteriose Genital Bovina, pois se evita assim a maior fonte de transmissão da doença que é a cobertura das fêmeas com touros infectados. Quando a implementação da inseminação artificial não for possível, separar as novilhas das vacas e utilizar um touro virgem ou livre de infecção com estas novilhas. Entretanto, em muitos rebanhos, principalmente os grandes rebanhos com manejo extensivo, técnicas como a inseminação artificial ou o repouso sexual das fêmeas infectadas não são facilmente implantadas. Nestes casos, a melhor estratégia a ser utilizada para o controle da doença é a vacinação. A vacinação, principalmente utilizando vacinas com adjuvantes oleosos, produz uma imunidade duradoura e é uma medida preventiva e de controle muito eficiente. Devem-se vacinar todos os animais em idade reprodutiva, de preferência 30 a 60 dias antes da cobertura. Os touros, apesar das controvérsias sobre a eficácia da vacina nestes animais, também devem ser vacinados. Animais primovacinados, dependendo do tipo de adjuvante utilizado na vacina com 30 dias de intervalo entre as doses. A revacinação deve ser anual com dose única. A relação custo-benefício do controle da Campilobacteriose Genital Bovina pela vacinação é positiva, pois já foi demonstrado que o retorno está em torno de 18 vezes o valor investido na vacinação, sendo que o ganho de apenas um bezerro desmamado equivale aproximadamente ao custo da vacinação de 100 animais.
O tratamento nas fêmeas é o repouso sexual por três ciclos ou por 90 a 150  dias leva a eliminação espontânea do C. fetus subsp venerealis do trato genital  na maioria dos animais, acarretando a recuperação animal. No entanto, a fertilidade destes animais pode não retornar aos níveis normais e alguns animais que tiverem salpingite bilateral apresentarão infertilidade permanente. Nos machos infusão de uma solução contendo 5g de dihidroestreptomicina no prepúcio com massagem vigo rosa do mesmo. O tratamento é feito por cinco dias consecutivos e, no primeiro e terceiro dias de tratamento, uma aplicação parenteral de dihidroestr eptomicina (22mg/kg) é realizada. O animal é considerado como livre do C.fetus subsp. venerealis após a realização de três testes negativos no lavado prepucial, intervalados de 15 dias de repouso sexual.

O descarte de touros contaminados também é uma forma de eliminação da doença da propriedade. A vacinação tem se mostrado bastante eficaz na prevenção das repetições de cio e abortos causados pelo C. fetus subsp. Venerealis.



 MAL DO COITO OU DURINA


É causada pelo Trypanosoma equiperdum. São hospedeiros os equinos. Os asininos são reservatórios. A transmissão é direta, através do coito (hospedeiro para outro sem o auxílio de insetos vetores).  Raramente ocorre a transmissão mecânica, ou seja, através da picada de insetos. Ocorre nas regiões da África, Ásia e América do Sul e Central. É o único tripanosoma que não necessita de hospedeiro intermediário, pois a transmissão se dá diretamente por contato sexual. Os Principais sintomas são: secreção da mucosa genital em excesso; edema dos órgãos genitais; prurido da região; despigmentação das áreas circunvizinhas; manchas de sapo; paralisia dos músculos faciais e oculares em casos severos pode ocorrer aborto. Em muitos casos o sistema nervoso central está envolvido causando uma paralisia motora ascendente que, por fim, é fatal. O índice de mortalidade desta doença é considerado alto, cerca de 50 a 70%. O diagnóstico para transporte internacional é realizado pelo teste de fixação de complemento. O diagnóstico definitivo é feito pela identificação do parasita, no entanto, os organismos são extremamente difíceis de serem visualizados. É possível encontrar Trypanosoma em pequena quantidade em linfócitos de fluído edematoso genital, muco vaginal e placas de fluidos. Raramente são encontrados tripanosomas em amostras de sangue. A Profilaxia pode ser realizada pelo isolamento de áreas contaminadas e reprodutores portadores. O tratamento é feito pelo uso de quimioterápicos e desinfecção do local com o uso de cicatrizantes.

A Tripanossomíase é uma doença venérea grave, geralmente crônica, e acomete cavalos e outros equídeos. Esse protozoário pode causar infecções com sinais neurológicos e emagrecimento, também as taxas de mortalidade são elevadas. A não vacinação disponível e a terapia com farmacos podem resultar em portadores inaparentes.

É causada por um parasita, protozoário Trypanosoma equiperdum. Este organismo pertence ao subgênero e seção Trypanozoon salivaria de gênero Trypanosoma. As cepas de T. equiperdum variam na sua patogenicidade. O T. equiperdum pode ser considerado uma espécie distinta. Ele está intimamente relacionado com Trypanosoma brucei subsp. brucei, T. brucei subsp. gambiensi e T. brucei subsp. rhodesiense, causando tripanossomíase Africano em uma variedade de espécies.

A Tripanossomíase afeta principalmente cavalos, burros e mulas. Aparentemente, estas espécies são os únicos reservatórios naturais de T. equiperdum. Já comprovaram algumas zebras com sorologia positiva, mas não existe evidência conclusiva de infecção. Cães, coelhos, ratos podem ser infectados experimentalmente.

A Tripanossomíase já foi amplamente difundida, mas foi erradicada em muitos países. Atualmente, a doença é endêmica em partes da África, Ásia e Rússia. Ocasionalmente, ocorrem surtos, relatados de outras áreas, como o Oriente Médio e a Europa.

A Transmissão ao contrário de outras infecções de tripanosoma, a tripanossomíase é transmitida quase exclusivamente durante a relação sexual. A transmissão mais comum de garanhões e éguas. A T. equiperdum podem ser encontradas nas secreções vaginais de éguas infectadas, fluido seminal, exsudato mucoso do pênis e prepúcio de garanhões. Periodicamente, os parasitas desaparecem do trato genital e o animal permanece com a infecção por semanas ou meses. Os jumentos podem ser portadores assintomáticos. Éguas infectadas raramente passam a infecção para seus descendentes, pode haver infecção antes do parto ou através do leite materno. Acredita-se que as infecções podem ocorrer através das membranas e mucosas, incluindo a conjuntiva.

A Tripanossomíase é principalmente caracterizada por inflamação das placas genitais com sinais cutâneos e neurológicos. Os sintomas variam com a virulência da estirpe, o estado nutricional do cavalo, e estresse. Muitas vezes, os sinais clínicos se desenvolvem ao longo de semanas ou meses, mas há variações. As recorrências pode ser antecipadas por stresse. Isto pode ocorrer várias vezes antes de animal morre ou tem uma clara recuperação. Muitas vezes, o primeiro sinal é o edema genital exibindo um fluxo vaginal mucopurulento  e a vulva das éguas apresenta-se inchada, esta inflamação pode se espalhar para o períneo, para o abdômen ventral e para glândula mamária. A vaginite com poliúria e sinais de desconforto e também placas elevadas ou semitransparente na mucosa vaginal, com aparencia engrossada em algumas éguas. Os órgãos genitais, períneo e úbere podem apresentar despigmentação.

Com as cepas mais virulentas podem ocorrer abortos. Garanhões desenvolvem edemade prepúcio e glande, e pode apresentar fluxo mutismo na uretra. Pode ser produzido parafimose. Em garanhões, a inflamação pode se espalhar para o escroto, períneo, abdômen ventral e no tórax. Pode também causar bolhas ou feridas nos genitais, cicatrizes branca permanente chamados de placas leucodérmicas. As placas edematosas são chamados de "placas dólar Prata "(até 10 cm de diâmetro e 1 cm de espessura) pode aparecer sobre a pele, especialmente sobre as costelas. Estas placas cutâneas geralmente permanecem de 3-7 dias e são a marca registrada da doença. Não ocorrem em todas as cepas. Os sinais neurológicos podem se desenvolver rapidamente depois do edema genital, ou semanas ou meses mais tarde. A Inquietação e mudança de peso de uma perna para a outra é seguido por fraqueza progressiva, descoordenação e finalmente a paralisia. Em alguns animais podem ser observados paralisia facial, normalmente unilateral. Conjuntivite e ceratite são comuns, e em alguns rebanhos infectados, o primeiro sinal de tripanossomíase é a condição do olho. Anemia e febre intermitente podem ocorrer. Os animais afetados emagrecem, mas com um bom apetite. O curso da doença varia de acordo com a tensão. Algumas cepas causam a doença crônica, relativamente leve, persistindo por anos. Outras estirpes causar uma forma aguda, que pode durar de 1-2 meses, e em casos excepcional, pode evoluir para a fase final em apenas uma semana.

Na necropsia é observado caquexia freqüente e edema genital. A inflamação pode estender-se ao abdômen ventral. Geralmente, pode ser encontrada um exsudado gelatinoso sobre a pele. Em garanhões, o escroto, prepúcio e túnica testicular podem ser engrossadas e com infiltrados inflamatórios. Em éguas com infiltração gelatinosa pode engrossar a vulva, mucosa vaginal, útero, bexiga e da glândula mamaria. Como também linfadenite crônica.

A gravidade e duração da doença varia com a virulência da estirpe, o estado nutricional de hospedeiro, e a existência de estressores pode precipitar uma recaída. As estirpes prevalentes na África do Sul tendem a causar doença crônica leve e pode durar vários anos. Os cavalos experimentalmente infectados sobreviveram até 10 meses . Na América do Sul e Norte da África foram os casos mais agudos, sobrevivendo por 1 a 2 meses. Geralmente, a doença mais grave foram vistos em melhores raças de cavalos, enquanto os burros, mulas e pôneis tendem a ser mais resistentes. A taxa de mortalidade em casos não tratados, é estimado em 50% -70%. No entanto, alguns questionam a recuperação, tendo em vista o longo curso da doença e oscilações dos sintomas. Alguns autores consideram que, finalmente, quase todos os casos são fatais.

Diagnóstico clínico: Sintomas sugestivos de tripanossomíase são edema genital e sinais neurológicos. Se estiver presente as "placas de dólar de prata" são patognomônicos. Em alguns casos, o diagnóstico é difícil, especialmente em estágios iniciais da doença ou durante infecções latentes.

Diagnóstico Diferencial: Inclue erupção coital, surra, anemia infecciosa eqüina, e artrite EVA, e as causas endometrite purulentas, tais como metrite contagiosa dos eqüídeos.

Testes de laboratório: A Tripanossomíase é geralmente diagnosticada por sorologia em combinação com os sinais clínicos. Para o comércio Internacionalmente, o conjunto de teste é a fixação de complemento, e tem sido utilizado com sucesso em programas de erradicação. No entanto, os animais não infectados, burros e mulas em especial, muitas vezes dão reações inconsistente ou inespecíficos (falsos positivos), devido à efeitos anticomplementares de soro de eqüinos. O testes de imunofluorescência indireta, ajuda a resolver estes casos. Outros testes sorológicos incluem ensaios imunoenzimático (ELISA) radioimunoensaio, imunodifusão em gel de agar (IDGA) e aglutinação. Pode ter reação cruzada com Tripanossomas do Velho Mundo, especialmente T. brucei e T. evansi, e nenhum teste serológico é específico para tripanossomíase.

Diagnóstico Definitivo é pela identificação do parasita, no entanto, os organismos são extremamente difícil de encontrar. É possível encontrar uma pequena quantidade de tripanossomas em linfócitos, de fluido edematoso da genitália, muco vaginal externa e em placas de fluidos. O sucesso de encontrá-los pode melhorar a centrifugação de uma amostra de sangue e de analisar o plasma centrifugado. O T. equiperdum é incapaz de ser microscopicamente distinguido de T. evansi.

Para evitar a tripanossomíase no rebanho, os animais introduzidos devem permanecer em quarentena e testados sorologicamente. O T. equiperdum não pode sobreviver fora de um organismo vivo e rapidamente morre sem o seu hospedeiro. Se necessário, este organismo pode ser destruído através de vários desinfetantes que compreendem hipoclorito de sódio a 1% , glutaraldeído e formaldeído 2%, e a temperaturas de 50 a 60 ° C. Não existe vacina e não há nenhuma evidência de que o T. equiperdum pode infectar os seres humanos.



 EXANTEMA COITAL EQUINO


É causado pelo Herpesvírus Equino-3 (EHV-3) é uma doença venérea, que se manifesta por lesões papulares, pustulares e, por fim, ulcerativas na mucosa vaginal e também no pênis, que, em geral, é eritematosa. As úlceras podem atingir 2 cm de diâmetro e 0,5 cm de profundidade, circundadas por uma zona hiperêmica. A infecção pelo Herpesvírus pode ser latente, de forma que pode haver recidiva com desenvolvimento das lesões em situação de estresse.

Macroscopicamente observam-se vesículas, ulceras e crostas. As lesões microscópicas consistem na formação de vesículas intraepidérmicas associadas a degeneração e acantólise das células epiteliais da epiderme. Muitos casos discretos não são percebidos porque não há doença sistêmica e os animais acometidos comem bem e se comportam normalmente.

É uma doença altamente contagiosa, com as taxas de infecção de 100% pós-coito, mas, ao contrário, é não-invasivo e benigna. Clinicamente ocorre apenas esporadicamente na maioria dos animais, e a incidência global é desconhecida. A Infertilidade e aborto não ocorrem naturalmente, embora o aborto foi induzido experimentalmente em algumas pesquisas. A reativação da recrudescência da infecção pelo vírus serve como uma fonte de propagação do vírus. O principal método de transmissão é através do contato com a pele para o coito com uma infecção ativa, que é a remoção de vírus no pênis. Excreção viral é intermitente. Há provas de que o cavalo infectado na forma subclinica não tem lesão visivelmente perceptível, mas também podem transmitir o vírus. A transmissão iatrogênica da infecção pode ocorrer por objetos contaminados utilizados para a inseminação, higiene, palpação retal ou exame pélvico. A sua propagação por inseminação artificial não tem sido investigada, e o contato de transmissão nasal pode ser possível.

A estável transmissão mecânica também vem sido sugerido. As lesões resultantes são características, progredindo de pequenas pápulas de uma vesícula, pústula e, finalmente, crostas, erosões e superficial no intervalo de poucos dias. O edema do prepúcio pode parecer que se prolonga lateralmente para a parede abdominal ventral e escroto. Muitas vezes, a infecção secundária por Streptococcus equi zooepidemicus que é influencia da gravidade e da duração da lesão. A recuperação é completa em 2 a 3 semanas. O diagnóstico é normalmente feita por meio da observação das características lesões genitais. Para facilitar a detecção de lesões menores escondidas nas dobras do pênis ou no prepúcio, pode ser viável fazer a extrusão do pênis usando xilazina. A confirmação da infecção é realizada por PCR, através do isolamento do vírus, ou por demonstração de seroconversão ou um aumento de quatro vezes no título de anticorpos em amostras de soro tomadas com um intervalo de 3 a 4 semanas. Outra amostra para confirmação laboratorial é o material coletado a partir das bordas frescas de lesões ativas.

O Tratamento é feito com a limpeza diária dos órgãos genitais, redução da inflamação e prevenção da infecção bacteriana secundária. Em casos não complicados, o fechamento da ferida é completo em 10-14 dias. No entanto, permanecem persistentes despigmentadas cicatrizes. A infecção pode levar a uma diminuição significativa no número de éguas cobertas por garanhões afetados. A decisão de usar um garanhão não infectado deve ser baseada em uma avaliação clínica dos órgãos genitais. O período de espera do garanhão será influenciada pela extensão e gravidade das lesões e a velocidade do processo de cura se este estiver infectado.



 TUMOR VENÉREO TRANSMISSÍVEL


O tumor venéreo transmissível (TVT) de cães é transmitido pelo coito e pela transferência de células tumorais intactas. Ambos os sexos são afetados. As células do TVT possuem 59 cromossomos, contra o número normal de 78 cromossomos do cão. O tumor começa como um nódulo abaixo da mucosa genital, com rompimentos progressivos pela mucosa subjacente. Na cadela, a lesão inicial ocorre freqüentemente na porção dorsal da vagina, na junção com o vestíbulo, estende-se para o lúmen e pode protruir pela vulva como uma massa ulcerada e friável.

Microscopicamente, as células tumorais possuem um citoplasma pouco definido e fracamente corado. São grandes, redondas ou ovais e de tamanhos uniformes, ocasionalmente com núcleos grandes e bizarros. O índice mitótico é alto. A regressão espontânea é a regra, com necrose multifocal, infiltração de linfócitos, lise de células tumorais provavelmente mediada por células, decréscimo no numero de células tumorais e aparente transição de células tumorais para fibroblastos com deposição de colágeno.

As metástases para outros órgãos são poucas, embora, em algumas regiões do mundo as metástases sejam comuns. Não há explicação para o fato de a distribuição mundial de a doença ser focal.

O pênis e o prepúcio podem ser envolvidos em neoplasias metastáticas e multicêntricas como mastocitoma, melanoma e linfossarcoma. O TVT no macho é encontrada sobre o pênis, mais freqüentemente nas partes caudais e com menor freqüência no prepúcio. A neoplasia pode ser solitária ou múltipla, ter poucos milímetros até 10 cm de diâmetro e possuir uma superfície ulcerada e inflamada com aspecto de couve-flor.

Microscopicamente, a neoplasia tem o mesmo aspecto na cadela e é composta de mantos de células neoplásicas e estroma mínimo. As células neoplásicas são grandes, uniformes, com núcleo e nucléolo grandes, contornos celulares indistintos e numerosas figuras mitóticas.

As metástases não são comuns. Regressão e recuperação são a regra. Partículas virais não são observadas nas células neoplásicas. A transmissão experimental por células intactas, junto com as diferenças cariotípicas, repetidamente demonstradas, entre células normais de cães e células da neoplasia e a ausência de isoantígenos nas células neoplásicas, sugerem que o tumor seja uma neoplasia de células caninas de ocorrência natural que é transmitida de cão para cão por células vivas, ao invés de originar-se pela transformação de células do hospedeiro.

A excisão cirúrgica é efetiva em alguns animais. No entanto, a freqüência da recorrência após uma cirurgia e a dificuldade na obtenção de uma excisão completa em algumas localizações, torna a cirurgia uma má opção em muitos casos. No caso de TVT metastático, a cirurgia é inútil. A quimioterapia é o tratamento de maior escolha no caso de tumores múltiplos ou metastáticos e também pode ser usada como um tratamento de primeira linha para tumores locais solitários. São efetivas as combinações de agentes quimioterápicos incluindo vincristina, ciclofosfamida e metotrexato. A terapia com vincristina a 0,025mg/Kg (máximo de 1mg). A vincristina é um alcalóide que atua bloqueando a mitose e a metáfase no ciclo celular. Ela é extremamente tóxica, que chega a causar transtornos neurológicos e disfunções motoras, se utilizada em excesso. Podem ocorrer alopecia, leucopenia, trombocitopenia, anemia, poliúria, disúria, febre e sintomas gastrointestinais.

Alguns cuidados se deve ter no manuseio da vincristina, deve-se tomar precauções , evitando o contato desta com a mucosa da pele, pois ela pode causar irritações e ulcerações dolorosas. A melhor forma de ser usada é seguindo as normas de paramentação completas, visando a proteção física do individuo.
Aconselha-se a utilização de luvas e botas de borracha, avental plástico ou de material impermeável com mangas longas, gorro e máscara de materiais impermeáveis e óculos de proteção. Essa paramentação deve ser estendida a todos os ocupantes da sala de quimioterapia. O Resultado quimioterápico, com vincristina, há 90% de recuperação dos cães tratados com dose de 0,5 - 0,7mg/m2 via endovenosa, uma vez por semana, durante mais ou menos um mês.

A utilização de vincristina é efetiva como terapia, com a vantagem de apresentar menos efeitos colaterais. Em casos de tumores malignos, a vincristina (inibidora da mitose) responde melhor ao tratamento, se associada à ciclofosfamida, que interfere na síntese de DNA, e o metotrexato (anti-metabólico). Essa associação provoca índice de cura de aproximadamente 100%.

Pode-se associar também à vincristina, doses de Baypamun (medicamento distribuído pela Bayer), visando à cura rápida com menor dose de sulfato de vincristina, a fim de reduzir as possíveis reações adversas que podem ser provocadas por ele. Nos casos resistentes à vincristina, a radiação é efetiva e pode ser usada como meio de tratamento único ou como coadjuvante à cirurgia. Porém, a maioria dos cães mostra uma resposta total após dose única do quimioterápico.

O diagnóstico para o TVT genital é através dos sinais clínicos e exame histopatológico. Quando o tumor está alojado em outras regiões, é necessário o estudo citológico para confirmação.


Praticamente todos os componentes do sistema imunológico podem contribuir para a defesa contra as células tumorais.

• Células T; são, sem dúvida, o principal mecanismo de defesa para o organismo contra essas células. Atuam tanto diretamente sobre elas (células CD8+) como ativando outros componentes do sistema imune ( as células CD4* que atuam através de linfocinas). Entretanto dependem de células apresentadoras de antígenos (APC), pois na maioria das vezes as células tumorais expressam apenas MHC classe I e não a classe II.

• Células B; secretam anticorpos (o principal é a IgG) e funcionam como APC. Os anticorpos podem agir tanto fixando complemento quanto promovendo a ADCC (citotoxidade mediada por anticorpo).

• Células NK; representam a primeira linhagem de defesa do hospedeiro contra o crescimento das células transformadas. Também representam um auxílio quando recrutadas pelas células T. Sua ação é mediada pela liberação de fatores citotóxicos ou de granzinas e perforinas.

• Macrófagos; são importantes na iniciação da resposta imune por desempenharem o papel de APC. Além disso podem atuar diretamente como células efetoras mediando a lise do tumor. As principais citocinas envolvidas na ativação dos macrófagos (MAF) SÃO O INF-γ, a IL-4, o TNF e o GM-CSF (fator de estimulação de crescimento granulócito-macrófago). As IL-2, IFN-γ e TNF são as principais citocinas envolvidas. As células transformadas comumente apresentam uma quantidade diminuída de MHC-I e é esse o sinal para as NK.

As células tumorais podem desenvolver alguns mecanismos de escape.

• Imunosseleção; mutações randômicas (ao acaso), devido a instabilidade genética, produzem células tumorais que ao são reconhecidas como estranhas pelo sistema imune do hospedeiro e essas células, conseqüentemente são selecionadas (pelo próprio sistema imune),

• Fatores solúveis; as células tumorais secretam substâncias que suprimem diretamente a reatividade imunológica.

• Células T supressoras,

• Tolerância; como as células tumorais, na maioria das vezes, não são apresentadoras de antígenos, elas não fornecem um sinal co-estimulador para as células T (interação B7-CD28 ou CD40-CD40L), o que leva a apoptose ou a um estado de anergia das células T.

• Perda de antígenos do MHC (modulação); mais de 50% dos tumores podem perder um tumorais alelos de classe I do MHC, o que leva a uma incapacidade de apresentação de antígenos peptídeos tumorais.

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